domingo, 14 de agosto de 2011

A vanguarda lírica de Yann Tiersen




Algumas das características da música minimalista são a repetição contínua de frases musicais,  a rigidez e a economia de elementos. Nos anos 80, representavam esta corrente musical o erudito norte-americano Phillip Glass e a multimídia experimental Laurie Anderson. Naqueles tempos, música minimalista era sinônimo de radicalismo e de sons herméticos.

Na atualidade, o francês Yann Tiersen vem desenvolvendo uma obra que possui base minimalista. No entanto, as belas, líricas e envolventes melodias fazem a diferença, tornando-o quase popular. Uma de suas peças, inclusive, foi parar na atual novela das sete, da Globo, sendo tema da personagem robô, interpretada por Flávia Alessandra, naquelas cenas em que ela aparece fingindo tocar piano.



No mundo, Yann Tiersen já tinha ficado famoso pela autoria da graciosa trilha sonora do filme “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” (2001), o mais conhecido longa de Jean Pierre Jeunet, co-diretor dos ótimos “Delicatessen” (1991) e “Ladrão de Sonhos” (1995). O compositor igualmente se destacou pela música de “Adeus Lênin!” (2001), do alemão Wolfgang Becker. Dois bons filmes, duas boas trilhas.

O multi-instrumentista francês ainda compôs as peças instrumentais de “Tabarly” (2008), documentário realizado por Pierre Marcel sobre o navegador francês Éric Tabarly, que não tive oportunidade de assistir, mas cuja trilha é a minha preferida entre todas feitas por ele.

Igualmente recomendado é o disco “Les Retrouvailles” (2008), que contou com a participação de diversos artistas, entre os quais, a vocalista do extinto grupo escocês oitentista Cocteau Twins, Elizabeth Fraser.


Nascido na região da Bretanha há 41 anos, Yann Tiersen domina vários instrumentos, como piano, acordeon, guitarra e violino. A sua música também é múltipla, bebendo em fontes variadas, a exemplo de rock, música erudita e tradicional francesa, o que a deixa quase inclassificável.  Dizem que passou por diversos conservatórios, mas, no começo da juventude, teria sofrido influência do pós-punk inglês de bandas como Joy Division. Daí, essa face tão diferente, porém familiar.

Outra influência provável é a obra do genial e excêntrico Erik Satie (1866-1925), que já possuía características muito econômicas, primando pela leveza e simplicidade. Aliás, o compositor e pianista erudito francês, autor das célebres “Gymnopédies”, é tido como precursor do minimalismo.


Enfim, a música de Yann Tiersen merece ser conhecida, porque é um dos trabalhos que melhor traduz a sonoridade contemporânea.  E melhor, é deleite puro. Muitas vezes tem a leveza das nuvens, nos levando a sonhos ou memórias profundas.