sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Le Trio Joubran redime martírio palestino


O alaúde está para o mundo árabe exatamente como a cítara está para a Índia. É o instrumento que melhor traduz a identidade contemplativa do Oriente Médio. Nos últimos anos, um trio palestino de alaudistas, Le Trio Joubran, conquistou respeito e admiração por lá e na Europa, imprimindo um molde contemporâneo à música tradicional árabe. O som do Le Trio Joubran soa atual e inventivo. Nascidos na cidade bíblica de Nazaré (Norte de Israel), os três irmãos - Samir, Wissam e Adnan Joubran - são virtuoses do instrumento e improvisam com absoluta excelência.


Basicamente instrumental, como toda música para alaúde que se preze, a sonoridade do trio contém longos improvisos (chamados taksim no Oriente Médio) e inusitadas variações temáticas. Algumas músicas são etéreas e introspectivas, outras são vibrantes, acompanhadas por uma inventiva percussão. O melhor disco chama-se “Majâz”, de 2008. Três anos antes, eles estrearam com “Randana”, que também vale uma audição. Em 2009, veio a trilha sonora, de cunho intimista, do filme francês “Le Dernier Vol(O Último Voo), longa dirigido por Karim Dridi. E ainda tem o CD/DVD  
"A l'Ombre des Mots" (2009), gravado ao vivo, em homenagem ao poeta Mahmoud Darwich. Um novo trabalho, intitulado "AsFâr",  está previsto para março de 2011.


Enquanto não vem a libertação, o povo palestino pode se redimir por meio da arte. É a melhor forma de superar o sofrimento e afastar a violência. Na década passada, a Palestina perdeu dois grandes representantes no mundo, o pensador Edward Said (falecido em 2003), fundamental no campo do pensamento contemporâneo, e o poeta Mahmoud Darwich, morto em 2008. Agora, sem porta-vozes no Ocidente, o Le Trio Joubran ocupa parte desta lacuna, pois hoje o grupo é referência, por exemplo, da nova música produzida na França. Foram incluídos em coletâneas da melhor música feita no país atualmente.  Os irmãos palestinos, inclusive, mantêm residência em Paris.

Nas últimas férias, no Rio de Janeiro, topei com os dois melhores discos do trio, “Randana” e “Majâz”, na mais interessante loja de CDs e DVDs do Brasil, a ainda sobrevivente Arlequim Discos, localizada no Paço Imperial. Recomendo uma passada por lá, se possível, para quem ainda costuma comprar CDs e gosta de música de excelência: rock clássico, jazz, erudita, contemporânea e MPB. Um verdadeiro achado. O único porém são os preços, nem sempre convidativos.







9 comentários:

  1. Parabéns pelo blog, é certamente da alçada de meus interesses! Além de me poupar esforços bastantes em buscar música de qualidade mundo afora. E não é só isso... =]

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  2. Olá Thaís,

    Fico grato com sua presença aqui. Apareça sempre.

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  3. Alô Canavieira,

    Satisfação imensa ver abrir-se seu acervo musical caro amigo. Quem constuma fazer visitas a você desde a década de 80 sabe do seu refinado ouvidar sonoro.

    Especialmente no que diz respeito aos povos do Oriente Médio. Seus comentários a este respeito sempre acompanham pinceladas históricas de exelente tom. Por exemplo, a ausência de Edward Said e as raras vozes artísticas dos palestinos no Ocidente. A sonoridade dos irmãos nazarenos remete a retina para além do olhar. Aplíssimo é o alaúde num povo que sustenta seu imaginário distante, ou pouco afim às visualidades da escultura e da pintura, mas essencialmente na música e na poesia.

    Abraço
    Gandhy

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  4. Meu caro mestre artesão Gandhy, é sempre um grande prazer tê-lo em nossa companhia. As figurinhas musicais precisam ser trocadas de forma permanente. Valeu a recordação dos longínquos anos 80.

    Um abraço,


    Grande Felipe,

    Muito bom encontrá-lo por aqui.

    Abs,

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  5. Edu,
    Estou adorando seu blog! Grandes dicas...
    beijos
    Fernanda

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  6. Edu,
    Estou adorando seu blog! Grandes dicas...
    beijos
    Fernanda

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  7. Maria Fernanda,

    Fico feliz com sua presença por aqui. Obrigado pelas considerações.

    Beijos,

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  8. salve!
    sou apaixonada por música de outros mundos, a Música é linguagem universal, a gente ouve e passa a entender, a comungar, como se fosse do mesmo lugar. Muito grata por trazer isso.

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